quinta-feira, 24 de março de 2011

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA - PARTE I

Sabemos que a língua portuguesa origina-se no latim; mas que parte do latim?

     A língua latina teve sua origem na região do Lácio ( Itália). Era a língua utilizada pelos romanos e apresentava dois aspectos: o clássico e o vulgar, que foram chamados pelos romanos de sermo urbanus e sermo vulgaris, respectivamente. A variação chamada clássica era destinada aos escritos literários, aos discursos políticos, conforme notamos nas obras de escritores como Cícero, e caracterizava-se pelo apuro gramatical. A língua vulgar (que, em latim, significa povo) era usada como língua familiar e pelas pessoas de pouca instrução da sociedade romana e, com a expansão territorial, por todo o Império Romano. Nesta categoria estavam os marinheiros, soldados, agricultores, barbeiros, homens livres e escravos sem a instrução universitária. Nesta variante estavam as gírias das várias profissões e os vocábulos incorporados por empréstimos lingüísticos decorrentes das conquistas militares.

Como se deu a transformação do latim?

A língua utilizada pelos soldados e pelo povo foi a origem das línguas chamadas românicas ou neolatinas e estas são dez: o português, o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o italiano, o reto-romano, o dalmático, o romeno e o sardo.

Obs.: Ao contrário do que se costuma pensar, as línguas românicas não se originaram diretamente do latim. Entre o latim e as línguas neolatinas, houve diversas variações chamadas de romances - como são chamados as variações regionais do latim, das quais saíram, de fato, as neolatinas.

O professor Ismael Coutinho, citando em seu livro o estudioso Grandgent, afirma que "não se pode precisar a época exata do desaparecimento do latim vulgar"; costuma-se, para isso, considerar o período entre 200 a.C até 600 da Era Cristã, quando teriam aparecido os primeiros romances.
Para se entender as transformações ocorridas na língua latina, observam-se, normalmente, três causas: a histórica, a etnológica e o política.
Como causa histórica, entendemos que as conquistas romanas aconteceram em diferentes épocas; um exemplo disso é a distância temporal entre a conquista da Sardenha e da Dácia: aproximadamente quatro séculos. Segundo o professor Ismael, as primeiras terras romanizadas receberam a linguagem mais popular, enquanto as últimas conheceram um latim mais erudito. Isto se deu pelo fato de a língua literária ser mais recente do que a popular.
A causa etnológica pode ser observada através dos diversos povos dominados pelo Império Romano; um exemplo disto é a península itálica, onde eram falados muitos outros idiomas, como o etrusco, o céltico, o ligúrio.
A razão política é justificada pelas invasões e imposição cultural e lingüística que pode originar dialetos mistos; foi o que aconteceu com a língua latina.

Depois disso tudo como originou - se a língua portuguesa? Um pouco de história...

A língua portuguesa, provém do latim vulgar, introduzido pelos romanos na região da Lusitânia , após anos de batalhas e conquistas.
No século V, os bárbaros invadiram a Península Ibérica e estes compreendiam várias nações, cada uma com um dialeto próprio. Eram estes bárbaros os vândalos, os suevos e os visigodos.
No século VI, os visigodos dominaram os suevos e admitiram as influências romanas na cultura, assim como a língua latina, embora esta já estivesse alterada devido ao contato com as línguas bárbaras ao longo de séculos.
No século VIII, os povos árabes são fundamentais para a evolução da língua, pois eles eram culturalmente mais avançados que os da peninsular (pois entre aqueles eram comum o estudo da matemática, história, filosofia e foram eles que popularizam as obras de Aristóteles na Europa, a partir de traduções.) e os habitantes da região passaram, muitas vezes, a adotar a língua árabe, esquecendo o romance que falavam ( romances eram as línguas derivadas do latim). A nação portuguesa só nasce com D. Afonso Henrique, herdeiro de D. Henrique, que havia recebido o Condado Portucalense como prêmio por seus serviços contra os mouros (árabes). O romance falado, então, na península era o galaico-português, uma língua fronteiriça entre o castelhano e o português falados hoje. Com a independência política de Portugal, houve uma natural diferenciação do galego para o português.
Com o domínio mouro, a língua oficial passou a ser o árabe, mas o povo recusou-se a abandonar o latim modificado que era falado na região. Desta dominação lingüística , a língua portuguesa herdou quase todos os nomes de instrumentos, plantas, medidas.
Somente no século XII é que apareceram documentos totalmente escritos nesta nova língua. Importante para a divulgação do novo romance foi o rei poeta de Portugal, D. Denis.


Referência bibliográfica: COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica.

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